sábado, 25 de outubro de 2014

Felício: Como Tudo Começou...


O ano era 2008. Na época, eu tinha 12 anos e estava na 6ª série (atual 7º ano) do Ensino Fundamental II. A professora de Artes estava dando uma aula sobre Quadrinhos, e pediu para que a turma criasse quatro personagens cômicos, os quais, posteriormente, seriam usados na elaboração de duas tiras de humor. Lembro-me de que comecei esboçando pessoas, mas logo percebi que não conseguia deixá-las com uma aparência muito engraçada. Então, decidi fazer animais. Como, naquela época, eu estava viciada em desenhar gatinhos, criar um personagem felino fixo pareceu ser uma boa ideia.

Foi assim que me veio à mente a imagem de um gatinho convencido, meio metido à besta, cujo passatempo predileto era conquistar as gatinhas. Devido à influência do estilo de Mauricio de Sousa, meu personagem ganhou uma aparência fofinha que lembrava muito a do Mingau, e a baixa estatura característica do Penadinho. A inspiração para os olhos grandes veio do mangá (embora, na época, eu ainda não tivesse aderido ao estilo) e dos desenhos animados da década de 20. Para completar, vesti o gatinho com uma espécie de bata. “Mas por que uma bata?”, muita gente já me perguntou. Bem, por dois motivos. Primeiro: eu não queria deixar o coitadinho pelado. Segundo: a aula estava acabando, e a minha criatividade também. Daí ficou assim. XD

Agora, só faltava um nome... Olhei para o desenho de novo e, na mesma hora, tive um estalo: Felício! Claro, com aquela baita cara de contente, não poderia chamá-lo por outro nome!

E foi assim que criei meu primeiro personagem. Agora, faltavam três.

Como, inicialmente, imaginei o Felício com certa pinta de galã, achei que seria interessante criar uma namoradinha para ele — uma gatinha sonhadora e romântica. A princípio, ela usaria um vestido e laços de fita na cabeça, mas abandonei a ideia porque achei que seu visual ficaria muito parecido com o do Felício e o da Hello Kitty. Então, desenhei-a com cabelos cacheados, saias e um colete com zíper. O nome Miranda foi escolhido sem nenhuma razão em especial — eu apenas escutei por aí e achei bonito. Até porque, “Felícia” seria muito óbvio.

Mas só ia ter gatos nessa turma? Não, ficaria muito repetitivo. Então pensei: e se o Felício e a Miranda tivessem um amigo um tanto... incomum? Isto é, um animal que raramente seria visto na companhia de um gato? Como um rato ou... um passarinho?

Tic foi o personagem mais fácil de desenhar (na verdade, ele o é até hoje). Originalmente, ele deveria se chamar Tic-Tic, pois eu queria que seu nome fizesse referência àqueles barulhinhos que os passarinhos fazem quando andam ou bicam alguma coisa — e também porque não podia usar Piu-Piu por razões óbvias. Aliás, é clara a influência do traço do Piu-Piu no meu primeiro esboço do Tic. Aquele cabeção, aquelas asas curtinhas... Até hoje me pergunto como ele conseguia voar. XD
            
Pois bem, eu já tinha dois gatos e um passarinho. Já estava mais do que na hora de adotar um cachorro, não é mesmo? Só que, desta vez, eu queria tentar fazer algo que pendesse mais para o lado do cartoon do que para o do mangá. Afinal, eu já havia criado muitos personagens kawaii desu neh. Faltava o “vilão” da história. Alguém que não fosse com a cara do Felício de jeito nenhum. Um cachorro meio corcunda, com jeitão de brucutu e cara de Muppet zangado me pareceu perfeito para o papel. Difícil foi arranjar um nome pra ele. Brutus, Rufus... eram todos muito comuns. Por fim, decidi por chamá-lo de Ruffles. Mas então a Heloísa, minha irmã, lembrou-me de que isso era nome de “batata da onda”, e acabei por rebatizá-lo de Rufão.

O primeiro desenho do quarteto principal! Uma verdadeira relíquia! *o*

Terminei minha lição de casa feita e ainda recebi elogios da professora (fiquei toda metida, heheh! ^_^). Mas acontece que esse estranho grupo de personagens não ficaria restrito a uma atividade em sala de aula...

Dizem que os criadores nutrem um amor incalculável pelas suas criaturas — e eu descobri que isso era verdade. Ao olhar para aquelas carinhas gozadas que eu acabara de desenhar, um sentimento completamente novo me dominou. Uma afeição imediata, uma convicção de que eles ainda tinham muita coisa a mostrar... E, no mesmo instante, soube que não poderia abandoná-los tão cedo.

Ideias para novas tiras foram surgindo em minha mente. Eu simplesmente não conseguia parar de desenhar aquela turminha. Tanto que as primeiras histórias foram feitas em folhas de caderno e finalizadas com caneta esferográfica — ou então deixadas no lápis mesmo (suuuper profissional ¬_¬ º).

Combo! As duas primeiras tiras! As cores ainda não eram oficiais, mas eu já havia me decidido pelo vestido pela roupa amarela do Felício.

Eu desenhava em tudo quanto era lugar. Também não tinha muita noção de como organizar os balões o_O

No começo, eu não as mostrava para ninguém, nem mesmo para a minha família. Só a minha irmã sabia, de fato, o que eu estava fazendo. E gostou tanto que começou a dar algumas sugestões de roteiro. Com o passar do tempo, percebi que ela conseguia criar piadas melhores que as minhas, e sugeri que ela fosse minha roteirista. Desde então, assinamos juntas todas as histórias do Felício.

Não lembro exatamente como, mas nossos pais acabaram descobrindo o que estávamos aprontando — acho que a quantidade enorme de desenhos espalhados por todos os lugares nos entregou. ¬_¬ º E, vejam só, eles também gostaram! \o/ Isso me motivou a mostrar meus desenhos para meus colegas de escola, professores, parentes distantes... Inclusive enviei algumas tiras para os Estúdios Mauricio de Sousa, por e-mail. E eles me responderam, incentivando-me a continuar desenhando; sem, contudo, abandonar os estudos. Até hoje, guardo a cópia impressa desse e-mail com carinho. Para alguém tímida como eu, receber elogios daqueles que produziram histórias que marcaram minha infância foi uma conquista e tanto!

Mas é claro que nem tudo foi um mar de rosas. Também surgiram críticas, a maioria vinda de nossos colegas de escola e, principalmente, dos meninos — que não se simpatizavam nem um pouco com meu traço “fofinho”. Na época, eu não tinha maturidade suficiente para lidar com certos comentários negativos, e isso se refletiu no ritmo de produção das tiras, que diminuiu muito. Eu também me tornei uma pessoa meio fechada, desconfiada, que deixava de expor a própria opinião por medo de virar alvo de chacota dos bullies. Felizmente, a situação melhorou quando me mudei para uma escola particular — até então, eu sempre havia estudado em escolas públicas —, mas até hoje carrego um resquício de personalidade daquela época.   
            
Aos poucos voltei a desenhar. O ritmo de produção, porém, continuava lento — embora por um motivo diferente do de outrora. Mas o importante é que, em dois anos, eu havia juntado uma quantidade enorme de material, que incluía tiras, algumas histórias mais longas e ilustrações temáticas. No entanto, eu ainda não havia reunido coragem suficiente para mostrá-las a uma editora ou mesmo postá-las na internet. Foi nessa época que ouvi falar pela primeira vez no Salãozinho de Humor de Piracicaba — uma versão “menor” do renomado Salão de Humor de Piracicaba, que permitia a participação de artistas mirins de 7 a 14 anos. Por incentivo de nossa família e professores, eu e a Heloísa fomos pessoalmente ao Engenho Central mostrar nosso trabalho aos curadores do evento. Eles ficaram admirados e concordaram em expor. Acabamos recebendo o prêmio de 2º lugar na categoria 11 a 14 anos. Fiquei surpresa: se havíamos conseguido alcançar tal mérito, significava que nosso trabalho tinha mesmo algum potencial.

No ano seguinte, entramos no Ensino Médio — e foi aí que a quantidade de tiras produzidas diminuiu de vez. Isso não significa, entretanto, que abandonei completamente meus personagens — pelo contrário, ainda quero desenhá-los por muitos e muitos anos! Mas, como muitos devem saber, vestibular é fogo e, se você tem a intenção de entrar em uma boa faculdade, terá que estudar muito. Se tudo der certo, eu e a Heloísa teremos nossa recompensa no começo do ano que vem! \o/

Enquanto isso não acontece, postarei, aos poucos, o material que tenho disponível até o momento. As primeiras histórias são bem tosquinhas (tenho até vergonha de olhar para algumas delas, haha XD), mas acho justo mostrá-las aqui. Assim, dá para notar o amadurecimento do traço e do roteiro, bem como algumas alterações na personalidade dos personagens. Espero que todos se divirtam!

2 comentários:

  1. Heloísa e Larissa

    Tenho a honra e o prazer de ser a primeira pessoa a fazer um comentário sobre o blog que tenho certeza de que será um grande SUCESSO, talvez, pode demorar, mas tenham certeza e confiança de que um dia vocês vão poder olhar para trás e dizer, valeu a pena SONHAR, ACREDITAR E NUNCA DESISTIR, mesmo que o caminho seja longo e que encontremos muitos obstáculos.
    Minhas filhas, vocês sabem o quanto estou feliz por vocês, o blog é muito interessante, divertido e alegre como vocês e não poderia ser diferente.
    Não vou falar muito sobre vocês, porque para mim, vocês são simplesmente maravilhosas, não poderiam ser melhores.Tenho certeza de que ainda ouvirei falar muito de vocês, gostaria de enfatizar o quanto me orgulho de tê-las como filhas, vocês sabem disso. Acredito na competência e na capacidade de vocês, pois sei que tudo que vocês se propõem a fazer é feito com muita determinação, dedicação e entusiasmo; somente quem está por perto é que sabe o quanto vocês se despendem e se abdicam de tudo para sempre fazer o melhor. Por isso, nunca deixem de acreditar em seus sonhos, sigam sempre o caminho do bem, e acima de tudo, acreditem que sempre tem alguém nos guiando em todos os momentos de nossas vidas, pois nunca estamos sozinhos, acreditem em DEUS, porque certamente ele estará sempre olhando e trilhando e caminho de vocês.

    PARABÉNS, SUCESSO e sejam FELIZES SEMPRE!!!!!!!

    Abraços e beijos carinhosos!!!

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  2. Tá na hora de dar uma renovada nas descrições né? aliás, qual o signo dos personagens? Hahahah

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